Aconteceu no dia 29 de outubro, o Workshop de Empreendedorismo e Inovação promovido pelo SEBRAE-SP de São José dos Campos. Aproveitando os últimos dias das férias, fui ao evento. Faço questão de compartilhá-lo com vocês.
Como já diziam os antigos, “Santo de casa não faz milagres”. Confesso que o evento superou minhas expectativas. E o melhor, a apenas alguns metros de minha casa.
O workshop foi dividido em 3 partes: uma palestra, um debate com empreendedores da região e por último um debate com representantes das principais industrias e da prefeitura da cidade de São José dos Campos.
“Empreendedorismo e Inovação gerando competitividade empresarial”
foi o tema da palestra de abertura feita por Renato Fonseca, consultor do SEBRAE-SP.
Ele citou que hoje vivemos a “Era da Recomendação” referindo-se aos novos padrões de compra que apareceram com a internet. Basta olhar qualquer os sites de compras, fórums e redes sociais que permitem que o consumidores façam comentários sobre os produtos e/ou serviços.
Ele citou o caso de um produtor de vinhos do sul do país que usa o Twitter para relacionar-se com clientes. Mostrou alguns exemplos de redes sociais e chamou a atenção para uma delas, o Club Pinguin, uma rede social criada pela Disney voltada para crianças que, em muitos casos, ainda não aprenderam a ler e nem a escrever.
Dentro deste contexto, a primeira dica que ele trouxe não poderia ser outra: “Esteja aberto para o novo”.
Hoje “empreender” passa a ter um sentido mais amplo. “Trata-se de realizar um propósito, realizar um sonho. A visão é o que nos move”. Tudo que existe hoje nasceu primeiro na mente humana, desde a camisa que você está vestindo ao automóvel que te leva ao trabalho.
Apesar de a palavra inovação estar diretamente ligada à quebra de grandes paradigmas (inovação disruptiva), o Renato ressaltou que de fato a maior parte das inovações são as de pequenas melhorias (inovação incremental).
E quais são as maneiras para acelerar tais inovações? Como ficar aberto para o novo?
1. Trabalhe em Redes

Tire proveito das redes de que você tem ao seu redor.
Fornecedores são uma ótima fonte de informação, pois geralmente estão em contato com o seus concorrentes e empresas de outros setores. Dedique mais tempo a eles.
Clientes também são uma fonte valiosa de informações. Por mais se pregue isto por aí, muitas organizações deixam oportunidades escaparem por não se atentarem sobre o que o cliente tem a dizer.
Funcionários também fornecem insights importantes para o seu negócio. Isto também é amplamente pregado, mas será que eles são sempre ouvidos? O que a sua empresa faz para dar voz aos seus funcionários?
Concorrentes, por mais estranho que possa parecer, são ótimos aliados na busca da inovação. Eu mesmo posso citar alguns exemplos pessoais. Há alguns anos, tive a chance de representar a Embraer, a empresa em que trabalho, em um dos encontros da AICC (Aviation Industry CBT Committee). O encontro foi na Boeing, concorrente da Embraer. Este comitê foi criado pelos principais “players” da indústria aeronáutica visando criar padrões e discutir avanços em matéria de treinamento eletrônico. Muitos padrões definidos por eles, hoje são aplicados não apenas na indústria aeronáutica, como também na indústria de e-learning que se formou com o nascimento da internet. Cito também o blog do CCVP (Clube de Criação do Vale do Paraíba) onde publicitários da região compartilham idéias e divulgam seus trabalhos. Utilize-se de associações, grupos e debates para trazer novas idéias.
2. Seja Colaborativo

Um dos exemplos mais famosos para exemplificar esta postura é o Linux, sistema operacional que nasceu da colaboração de diversos profissionais ao redor do mundo e que hoje desafia a Microsoft.
Você teria coragem de expor seus problemas, suas necessidades para que a comunidade colaborasse para ajudá-lo a resolvê-los? Criar novos produtos? Criar novos serviços? Pois é isto que acontece ao redor do mundo. Desde restaurantes que permitem que os clientes criem seus próprios pratos a minas de ouro que buscam ajuda para encontra novos pontos de extração.
Renato citou o site Innocentive.com, portal voltado para inovação aberta (open innovation). Esta é apenas uma das maneiras que muitas empresas buscam novas idéias e soluções fora de suas instalações através deste site.
Há diversos livros sobre o assunto. Eu pessoalmente recomendo o “Wikinomic, how mass Collaboration Changes Everything”. Também cito o caso da P&G é uma das empresas que tem liderado estas iniciativas. Uma das metas de seu presidente é que 50% das inovações é que as inovações venham de fora da corporação.
3. Seja Articulado

O Renato citou que um estudo mostra que as pessoas, em sua maioria, matem laços fortes com até 60 pessoas. Geralmente, são grupos que dividem as mesmas idéias. Pessoas empreendedoras e inovadores circulam em vários ambientes. Elas fazem parte de vários grupos e isso fornece novas idéias.
4. Semeie o seu Capital Social

Ele lembrou que muitos consideram fazer networking o simples fato de entregar um cartão de visita (ou como é comum hoje em dia, adicionar a pessoa no linkedin). O verdadeiro networking está baseado na confiança e cooperação. É construir laços com pessoas com quem você pode realmente contar. Estas conexões se constroem com cooperação. Antes de tudo, construir o seu Capital Social é saber doar.
5. Crie um ambiente a Inovação

Aceitar a diversidade de culturas, formações, crenças colaboram para criar um ambiente criativo. Um ambiente onde haja tolerância ao erro e se incentive a correr riscos fazem parte de uma cultura voltada para inovação. Isto incentiva a confiança dos funcionários e os motiva a correr risco. Em relação à tolerância ao erro, o palestrante ressaltou a diferença entre errar por ter arriscado e errar por ter sido negligente. Este último, com certeza não deve ser toleravél.
Assim como um dia alguém teve a simples idéia de se criar o serviço de “delivery” em uma época onde as pessoas, para comer algo diferente, tinham de sair de casa e um serviço como este seria impensável. O Renato terminou a palestra questionando a platéia sobre quais serviços “deliveries”, quais idéias, estariam aguardando para ser descobertas hoje?